BELIEVE IN ME - Episódio 1 - "O Ser Mais Esquecível de Todos"

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Sabe quando você gostaria de pensar que é diferente e única? Quanto mais eu tento, mais certeza tenho de que não sou nada. Gostaria simplesmente de poder fazer a diferença, poder me encaixar nesse planeta redondo.Poder ter a certeza que meus medos não venceram minha vontade de sonhos. Gostaria de ser certa sobre mim mesma, e ter certeza que sou boa em algo. Mas quanto mais eu tento, pior sei que sou. 
Não sou a típica patricinha, com um corpo esculturado, nem a princesa que tem oque quer, nem a garota popular e nem a simples garota do All Star. Não tenho olhos claros, não tenho um corpo magro, não tenho uma voz boa, não tenho um cabelo perfeito, não tenho amigos, não tenho ninguém que se importe comigo além de minha família e Deus.
Eu não me encaixo.
Minha única e pesada arma é sonhar. Apenas.
Prazer, eu sou Demetria Lovato, uma pessoa. Gostaria muito (mesmo) de dizer algo sobre mim, algo que não te deixasse com tédio ou sono, mas creio que não seja possível. Perdão.


11 de Dezembro de 2011
Querido diário,....

O calor insuportável (nada normal para essa época do ano) me fazia deitar na minha cama com um edredom de Minnie, ligar o ventilador e pensar sobre oque eu nunca serei. Não que eu fique pensando em mim como uma miserável, mas começo a imaginar coisas que nunca iriam acontecer.
Com 15 anos de idade recém-completados e ainda sonhando com o impossível, minha maturidade nunca chegará.
Bem, mas eu devia estar acostumada.
Aqueles olhos negros como a noite, aqueles lábios suculentos e vermelhos, aquele cabelo como a imensidão do mar... Sim, eu sonho com caras que não existem. Simples assim. Porque? Porque eu nunca cheguei perto suficiente de um para saber como é.
Minha família é composta, na maioria, por mulheres. Os homens parecem não ter um grande espaço entre nós. Mamãe engravidou na adolescência de minha irmã mais velha, Dallas; então casou-se com meu pai biológico e eu nasci. Mas meu pai saiu de casa muito cedo. Eu era apenas uma garotinha de 5 anos de idade. Praticamente não o conheço, e nem pretendo. Minha mãe teve uma filha de um namorado. O nome dela é Maddie, e eu a amo. Esse namorado da mamãe se chama Eddie, e eu acho que eles dois ainda se gostam. Mas eu nunca cheguei perto dele. Eu tenho medo que ele "roube" minha mãe de mim. Não deixo aproximações abertas.
Bem, mas acho que apenas um contato com algum homem me faria bem.
Um leve sorriso aparece nos meus lábios secos pelo tempo. Isso nunca iria acontecer. Provavelmente, irei crescer, adotar um menina e ter um emprego de destaque na sociedade, devido aomeu desempenho escolar. Fim.
E então volto a refletir sobre aqueles olhos negros como o infinito....um suspiro escapou.

XX: - Demetria? - minha mãe (Dianna) apareceu no meu quarto. Eu a olhei  - vá ajudar sua vó a preparar o almoço de Domingo - eu assenti


                 *  *  *

Uma das melhores coisas da minha vida era minha avó. Ela me fazia sorrir e me alegrava, além de morar a uma quadra da minha casa.

Eu tirando o pijama e fazendo um leve coque em meu cabelo levemente ondulado. Bagunço um pouco a franja. Peguei meu celular e o liguei. Normalmente eu vou à missa com minha avó todo Domingo, mas já fomos ontem à noite.

Ela me dera um abraço apertado me perguntando como dormira.

DEMETRIA: - Bem, vóvó. Com oque a senhora quer que eu lhe ajude?
VÓVÓ: - Enrole a massa e corte-a para o nhoque - com os fones de ouvidos tocando uma música da Kelly Clarkson, fiz oque ele pedira.

Era como se eu estivesse em um filme e fosse a chefe de cozinha de um grande restaurante; eu estava fazendo à moda da casa, com farinha no cabelo, que ainda preso no coque com alguns fios soltos.

E então era a minha hora de fazer a grande apresentação de preparação do prato. Eu olhei em volta da cozinha vazia e joguei os nhoques dentro da panela. Palmas. 

Com uma reverência, era hora de saltá-los, e jogar a água para cima juntos aos nhoques.

Segurando o cabo da panela quente, eu a joguei.

XX: - Demetria! - a voz aguda da minha prima entrou em meus ouvidos como uma trompeta.

A água morana que fritava o nhoque caiu sobre mim. O pior nem foi isso. Taylor Swift Lovato estava com um garoto.  

              *      *       *

Ok, muito "legal" estar completamente melecada....principalmente na frente desse garoto desconhecido (moreno e lindo...nossa, assim você me mata).

TAYLOR SWIFT: - Demetria, queria te apresentar meu namorado...

" NAMORADO???!!! OQUÊ????!!!! "

TAYLOR SWIFT: - ...o nome dele é Taylor Lautner.
TAYLOR LAUTNER: - Oi Demetria, prazer em conhecê-la! - me falou o rapaz sorrindo com os dentes mais brancos que eu já vira.

DEMETRIA: - Eh......oi. Então........puxa, vocês tem o mesmo nome!

Os dois continuaram me olhando paralisados com o único tipo de sorriso que eu recebo: "por educação".

DEMETRIA: - ...e-eu sou prima da Taylor,...Taylor.
LAUTNER: - É, ela me falou de você.

Silêncio. Sou uma completa estúpida retardada misturada com imbecil. E vou confessar que ainda estava assustada com o fato de que Swift tinha um namorado. Não, tudo menos isso. "Ela me falou de você" oque a Taylor falou pro Taylor? concerteza: "essa minha prima alémde ter um nome ridículo, é a ridicularidade em pessoa, uma nerd antissocial sem amigos e totalmente insignificante" CERTEZA!!!!!....ai, não! chorar na frente deles, não!

DEMETRIA: - Então casal, já vou indo....


           *   *      *       

Sai correndo da casa da vó. Passei o Domingo chorando no quarto...

"....Taylor Swift, minha prima e a vida da minha infância, com um namorado! Pronto: sou oficialmente a única sozinha de todas garotas que conheço. A desprezada. A ridícula. Criança. Nada.

Não supporto mais isso! Tay tem 14 anos e já alguém a ama. Bem, com tantas badalações, amigos e festas, era ÓBVIO que ela não ia ligar para mim, o ser mais esquecível de todos...." 

Com esses pensamentos à flor da pele, ponho a mão sobre a boca para evitar que o grito de tamanha tristeza espante minha mãe e minha irmãzinha da cama.

Não vou aguentar. Ligo o abajur. Abro a gaveta. Lá está. Uma lâmina de depilar, um Gillete. Meu frio inimigo. Levanto um pouco a manga do casaco. Me desculpem, mas é incontrolável.

"...meu frio inimigo..."

(...)

O sangue borra minha cama.